Crítica: Misto Quente remete à dura vida durante a crise de 1929
Charles Bukowski publicou Misto Quente em 1982. O livro narra a infância e adolescência de Henry Chinaski, um alemão que vivia nos Estados Unidos, alterego de Bukowki. Quando criança, a família de Chinaski penava devido à Crise Econômica de 1929, que deixou milhares de americanos desempregados durante o período que foi apelidado de A Grande Depressão. Chinaski sofreu durante boa parte de sua vida por ser filho de um pai fracassado, violento e abusivo e de uma mãe submissa e ignorante.
Com uma narrativa pesada e amarga, o livro expõe a realidade cruel de Henry. O romance de formação possui toques autobiográficos e é inspirado na vida do próprio autor. Líder de uma família pobre, o pai de Chinaski não aceitava sua realidade e queria ser rico, portanto, fingia ser rico. Como parte de seu escape, ele proibia seu filho de conviver com as outras crianças da vizinhança, afinal, eram todas pobres como eles. Para não viver de forma tão isolada, o menino tentava fazer amigos mesmo assim.
Para o desespero da criança, tudo era motivo para apanhar de seu pai, que também espancava a própria esposa. Tanto a infância quanto a adolescência de Chinaski foram conturbadas, em uma sociedade em que um homem só podia sobreviver batendo para não apanhar.
"Acho que o único momento em que as pessoas pensam em injustiça é quando acontece com elas"
"Que tempos penosos foram aqueles anos - ter o desejo e a necessidade de viver, mas não a habilidade"
Apesar de ser uma obra emocionalmente difícil de ler e também ser recheada de comportamentos misóginos, este é sem dúvidas um grande clássico. O texto de Bukowski causa desconforto na medida certa, fazendo com que o leitor sinta a dor do protagonista. Além disso, sempre defenderei a imporância de obras que fazem referência a períodos históricos. Neste caso, o livro expõe como era a vida das pessoas com classes mais baixos durante a maior crise já vista no capitalismo financeiro.
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críticas literárias
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